Em ótima forma, compacto pode roubar clientes do ‘irmão menor’, Mobi.
Ganhou novos motores, e controle de tração e estabilidade em certas versões.

Irmãos mais velhos costumam reclamar que os pais reservam maior atenção aos mais novos. Esta seria uma queixa justa para o Uno. Desde o final do ano passado, a “mãe” Fiat praticamente tem reservado boa parte de seus esforços para o caçula Mobi, lançado em abril.

Mas o “irmão” mais velho não foi esquecido: quase 6 meses depois, chegou a vez de o Uno ser o centro das atenções da montadora. O compacto passou pela 2ª reestilização desta geração, lançada em 2010.

Na linha 2017, o hatch recebeu um leve “tapa” na dianteira. Mas as mudanças mais importantes são na parte dinâmica, com a estreia da nova família de motores Firefly (vagalume, em inglês), de 1.0 ou 1.3 litro, de 3 e 4 cilindros, respectivamente. Os preços vão de R$ 41.840 a R$ 53.690.

Aposentadoria tardia
O Uno não só é o responsável por estrear os motores Firefly, como também é o primeiro Fiat a aposentar os ultrapassados propulsores da família Fire. Basta comparar números de potência e torque para entender que já era hora da mudança.

Enquanto o antigo 1.0 de 4 cilindros entregava 75 cavalos e 9,9 kgfm de torque, no novo são 77 cv e 10,9 kgfm.

O 1.3 chega para substituir o 1.4. Mesmo sendo menor, são 109 cv contra 88 cv. No torque, nova vantagem, de 14,2 kgfm contra 12,5 kgfm.

Ao contrário da concorrência, a Fiat optou por criar um motor 1.0 de 3 cilindros com apenas duas válvulas por cilindro, somando 6 – enquanto isso, os rivais adotam 4 válvulas por cilindro. A justificativa para uma solução mais simples é a maior oferta de torque em baixas rotações.

Para criar a “família” Firefly, a montadora diz que investiu R$ 1 bilhão em uma nova fábrica de motores, com capacidade para 400 mil unidades por ano.

Como as vendas do Uno não representam nem 20% desta soma, não é difícil imaginar que os Firefly logo estarão em outros modelos. Questionado sobre os planos de aplicação no restante da linha, o diretor de produto da Fiat, Carlos Eugênio Dutra, não respondeu.

Vida nova
Os novos motores fizeram muito bem ao Uno. No evento de lançamento, em Belo Horizonte, o G1avaliou as versões 1.0 e 1.3 Way, com câmbio manual, e 1.3 Sporting, com câmbio automatizado Dualogic.

Quem já andou em unidades do Uno anteriores a 2017 lembrará que os motores Fire nunca foram referência em suavidade de funcionamento. Para completar, o consumo de combustível deixava a desejar diante da concorrência.

O Uno renasceu com os novos “corações”. No caso do 1.0, a melhora é mais sensível. Ele ainda exige reduções de marchas em ladeiras mais íngremes, comuns em Belo Horizonte, mas o desempenho é compatível com a média do mercado.

O que surpreende é a suavidade no funcionamento. O novo tricilíndrico curiosamente funciona de forma mais silenciosa do que o antigo 1.0. Não é comum que motores com esta disposição ofereçam menores níveis de ruído e vibração quando comparados com seus pares de 4 cilindros.

Andando com o 1.3, a maior diferença é de fato o desempenho. O Uno ficou muito mais ágil com a cavalaria e o torque extras. Ele se sai até melhor do que alguns rivais com motor maior, como o Chevrolet Onix 1.4 e até o Renault Sandero 1.6.

Este novo motor conseguiu proeza ainda maior: forma um bom “par” com a transmissão Dualogic. Esta é a melhor combinação que a Fiat já fez entre seus motores e a caixa automatizada. Ainda há trancos, sobretudo nas primeiras marchas, mas o comportamento da transmissão melhorou muito, tornando o uso na cidade mais amigável.

Equipado como poucos
Além dos novos Firefly, o Uno também passou a contar como itens inéditos. Todas as versões trocaram a direção hidráulica pela elétrica. Mais leve, ela ainda possui uma opção chamada City, que deixa o volante até 50% mais leve para manobras urbanas.

Mesmo com esta opção desligada, a leveza da direção agrada. Mas falta um ajuste melhor na calibração, que poderia oferecer uma assistência mais progressiva, diminuindo essa leveza conforme a velocidade aumenta.

Outros itens que podem equipar todas as versões são os controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas. De série nas opções com motor 1.3 e câmbio Dualogic, eles são oferecidos em pacotes nas demais versões. O preço varia entre R$ 3.340 e R$ 4.500.

Mercado
Quem concorre diretamente com o Uno? A lista é tão grande quanto a convocação da seleção brasileira de Tite, e começa dentro de casa, com Mobi e Palio, ainda que a Fiat não veja o modelo menor como ameaça. “São carros complementares, com públicos relativamente diferentes”, disse Dutra.

Para o diretor de marketing, Adriano Rezende, os dois modelos serão rivais em uma faixa de preço. “O comprador é quem vai escolher entre um modelo com mais equipamentos e um com mais espaço. Para nós, o importante é que ele [o cliente] saia da concessionária com um carro nosso”, afirmou.

Além da briga interna, há outros concorrentes, como os Volkswagen Up e Gol; e da GM,Onix, tanto a versão Joy, com asreestilizadas. Somam-se ao grupo HyundaiHB20, Ford Ka, Renault Sandero, Toyota Etiose Nissan March, todos com versões e preços parecidos.

Diante de tantos concorrentes, o Uno se destaca nos itens de segurança, podendo ser considerado referência. Apenas o Ka conta com os controles de tração e estabilidade, e mesmo assim, em apenas duas versões. E o HB20 só oferece airbags laterais em versões acima de R$ 60 mil.

Conclusão
Como irmão mais velho que é, o Uno amadureceu diante do Mobi. É como se ele tivesse chegado ao início da fase adulta da vida, enquanto o Mobi ingressa na adolescência e ainda carece de aprendizado para seu desenvolvimento.

Mais do que ter crescido dentro de casa, o Uno alcança sua melhor forma, e se torna uma das opções mais coerentes em sua categoria, caracterizada por ter constantes mudanças nos competidores.

Fonte: Globo.com

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