Valor triplicou para R$ 293,47 e torna ainda mais interessante investir em sistemas integrados

Agora é oficial: usar o telefone celular ao volante passou a render multa gravíssima, com penalidade de sete pontos na carteira e R$ 293,47. A A mudança faz parte de um pacote de alterações feitas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em maio deste ano, que tornou uma série de multas mais caras.
Justamente pelo celular ser hoje quase que um “item de série” do veículo, muitos motoristas temem não se lembrar do aumento. É o caso do fisioterapeuta Tiago Godoi, que por conta da profissão já precisou fazer várias chamadas em trânsito. Uma delas acabou lhe rendendo uma multa em janeiro.
“Eu aproveito o congestionamento para resolver questões do dia a dia pelo smartphone, como agendar uma consulta no dentista ou ligar para um paciente. Talvez esse reajuste possa até intimidar, mas acho que, na necessidade da urgência, o motorista continuará atender às chamadas e isso vai cair no esquecimento, colhendo as consequências depois”, opina.
Já para a analista jurídica Natalia Freitas, a dificuldade maior será se livrar do hábito. Ela conta que já levou cerca de dez multas por causa do celular. “Prefiro sempre falar com o telefone no ouvido, mas de alguns dias para cá, tenho tentado colocar no viva-voz. Confesso que está bem difícil”.

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Vacina contra multa

A maioria dos carros atuais já saem de fábrica com algum sistema de conectividade para utilizar o celular, seja via Bluetooth, USB ou Wi-Fi. Na maioria das centrais multimídias, é preciso selecionar a opção de pareamento. Aparecerá então uma senha (ou PIN), que será digitada no aparelho celular. O processo todo é bem rápido e só precisa ser feito uma vez.
Outra solução que conecta carros a smartphones é o MirrorLink, lançado em 2011 como uma versão comercial do Terminal Mode e antecessor dos modelos desenvolvidos pela Apple (CarPlay) e pelo Google (Android Auto). Mesmo com o advento da tecnologia derivada de sistemas operacionais, o MirrorLink segue como uma das opções mais presentes e compatíveis com a maioria dos aparelhos disponíveis no mercado. No Brasil, ele equipa as versões 2016 do Toyota Etios e dos Volkswagen Fox e Jetta.
Algumas marcas possuem sistemas multimídias homologados e com características próprias. Caso da Ford, com o Sync, que equipa a versão topo de linha do Ka e o Fusion, e da Chevrolet com o MyLink, que passou por renovações em 2015 e é parte integrante do Onix ao Camaro. Há outros sistemas que fazem chamadas telefônicas por comando de voz ou Bluetooth, casos do Blue&Me da Fiat, do Discover Pro da Volkswagen e do blueMedia da Hyundai. Há casos em que a central multimídia está presente na maioria esmagadora de carros de determinada linha, caso do Media Nav da Renault.

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Futuro conectado

Na visão de Ricardo Takahira, engenheiro da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), a tendência é que os veículos sejam futuramente equipados com o chamado HMI (Human-Machine Interface, ou Interface Homem-Máquina, na sigla em português). Trata-se de um visor que realiza a comunicação entre o ser humano e um computador. Os exemplos mais conhecidos são o display do micro-ondas e os caixas eletrônicos.
“Antes da elaboração de um projeto e da produção de um modelo, as montadoras se baseiam em três pilares: Segurança, Conectividade e Sustentabilidade. A pretensão é que os sistemas multimídias passem a oferecer cada vez mais funções com cada vez menos componentes”.

Cuidado com kit multimídia alternativo

Takahira faz um alerta: a instalação de centrais multimídias é possível, mas não recomendável pela perda de integração. “É um processo muito invasivo e que altera diversas características originais de fábrica. Para começar, a ausência de botões no volante em modelos mais antigos. Há também a questão da bateria sem capacidade suficiente para suportar tamanho aparato. E por fim, a qualidade do som e das ligações, que fica aquém do esperado”.
Na internet, há diversos tutoriais e opções de acessórios que podem ser integrados ao veículo de forma menos complexa e que se restringem a atender ligações. Em sites de varejo, é possível encontrar kits de viva-voz com bluetooth com preços que partem de R$ 15 e que podem ser conectados via cabo USB ou com valor aproximado de R$ 50 para prender no pára-sol.
Para os que preferem o sistema mais completo, há centrais multimídias de até R$ 3 mil que oferecem sincronização da agenda, reprodução de arquivos de áudio e o registro das chamadas recebidas e efetuadas. Seja qual for a escolha, a dica é verificar a compatibilidade do veículo com os equipamentos e optar por itens recomendados pelas montadoras, caso o custo não seja tão elevado.

Acidentes

Mais do que pontos na CNH e prejuízo, utilizar o celular o volante, como já é do conhecimento comum, pode render graves consequências. De acordo com estudos do NHTSA (National Higway Traffic Safety Administration), órgão de segurança viária dos Estados Unidos, dirigir com o telefone no ouvido dobra a chance de um acidente. Já trafegar digitando uma mensagem aumenta essa possibilidade em 23 vezes.
A empresária Fernanda Reis foi vítima da própria distração. Em certo dia, presa no trânsito, ela começou a responder um e-mail e acabou colidindo seu carro no veículo à frente. Ela garante, porém, que com o episódio e o anúncio do aumento, aprendeu a lição. “Com certeza pensarei duas vezes antes de usar. Quando precisar responder algo com urgência, vou estacionar”.
Parar o carro, aliás, é a principal recomendação de especialistas na área. O analista técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI Brasil), Diego Lazari, explica que a utilização indevida de celulares ao conduzir veículos automotores coloca em risco motoristas, passageiros e pedestres. Em muitos casos, o próprio Bluetooth pode ser fonte de insegurança.
“A dispersão leva o motorista a transferir a atenção ao aparelho móvel e a manuseá-lo com uma das mãos, ao invés de utilizar ambas durante a condução. Havendo a necessidade de se comunicar, realize a parada do veículo de forma segura”, recomenda.

Revista Auto Esporte

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